Castração química: polêmica em vista

23/01/2012 19:30

23/03/2009

 

Trazendo à tona mais um tema polêmico com vistas à informação de proprietários e bem estar de animais, abordaremos um novo método de castração em cães machos, desenvolvido por estrangeiros e adaptado ao país por uma empresa do interior de São Paulo. A castração química consiste em uma única aplicação intra-testicular (uma em cada) de um produto à base de gluconato de zinco, cuja ação remete á inflamação lenta e gradativa das células testiculares, interrompendo sua irrigação e proporcionando posterior fibrose do órgão, tornando-o inútil.

 

O produto foi apresentado às entidades (CRMV-sp/ ONGs protetoras/ prefeituras…) em evento no início deste mês e, como não poderia deixar de ser, muitas dúvidas pairaram no ar. Desde o embasamento científico que justificasse o registro do produto junto ao ministério da agricultura , passando pela sua aplicação que não exige a presença do veterinário ou sequer um procedimento de sedação/ anestesia até o alcance do objetivo em que ninguém cita o fator “dor”.

 

Como pode ser possível a aprovação de tal produto para aplicação em larga escala sem conhecimento mais detalhado acerca de seus efeitos colaterais a longo prazo? No trabalho científico apresentado para justificar o uso do produto, foram analisadas aplicações em apenas 11 cães. Uma amostragem muito pequena que provavelmente precede conclusões antecipadas.

 

Mesmo que apenas veterinários aplicassem o produto, o risco de formação de fístulas drenantes e abcessos já seria muito grande. Caso leigos e donos de pet shop resolvam aplicar, a incidência deverá ser muito maior. No caso de complicações pós-aplicação o tratamento consiste justamente na  castração.

 

Ainda sobre os efeitos deste processo, devemos ter em mente que não é possível a medição da dor, processo este também subjetivo aos animais. Será que dói uma agulha entrando em nosso testículo e injetando um líquido que irá inflamá-lo durante semanas? Ou seja: um provável processo doloroso e crônico. Além da possibilidade do desenvolvimento de um tumor!

 

Ora, creio que seja o sonho de consumo de ONGs e de muitos envolvidos com o conceito de posse responsável, a possibilidade de esterilizar um animal a baixo custo e sem pós-operatório. Produtos melhores e desenvolvidos através de grandiosos estudos são usados em outros continentes, porém com custo maior. Ou seja: a mentalidade de terceiro mundo continua. Existe um contentamento em se utilizar um produto não importando seus meios de produção, efeito e conseqüências, mas sim valorizando seu preço. Sua  maior qualidade é ser barato?

 

Por um lado enxergo uma situação interessante, pois o primeiro passo foi dado e a criação de um contraponto é importante e visa a melhorias que agradem ao bom senso de todos. Mas, para isso, governantes devem estar dispostos a ouvirem as classes protetoras dos animais.

 

A alegação das entidades que se posicionam contra o produto é que o ministério da agricultura não revela as informações desse trâmite detalhadamente. O fato é que em sua apresentação foram distribuídas 10 mil doses gratuitamente, inclusive à prefeituras do interior do estado. Gentileza que pode custar caro lá na frente.

 

Prefeituras diminuem a taxa de reprodução de animais de rua, cai o índice de doenças como a leptospirose, sobe o idh de municípios, secretárias de saúde se gabam de (segundo a opinião deles) utilizarem um método humanitário para castrar os cães, contratos milionários são fechados enriquecendo mais um laboratório. Negócio lucrativo e rentável para todos. Exceto para o cão que é quem vai pagar o pato. Por enquanto, vamos acompanhar a dupla lá de cima e continuar rezando.

 

Fonte: BlogdoVet1

 

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